segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A grande decisão

Ninguém entra na transição de uma hora para outra. Para algumas meninas acaba sendo um processo natural devido à gravidez, saúde ou por simplesmente ter deixado a química de lado. Até pouco tempo eu não conhecia esse termo e nem sabia ao que se referia.

A transição é o processo de abandono da química. Começa a ser contado desde o último dia que você usou algum produto químico (relaxamento, progressiva, alisantes, etc, etc) até o dia do BC (big chop\ grande corte) que é quando você se livra de vez do cabelo alisado.

Nem sempre é uma decisão fácil, principalmente para quem está acostumada a ir ao salão de 3 em 3 meses, a andar com o cabelo liso, viver de escova, correr da chuva... E eu posso dizer que foi uma das decisões mais difíceis que eu já tomei até agora. Mas também uma das mais sábias.


Meu primeiro alisamento foi aos 7 anos e foi aquele do Netinho. Desde então, virei uma dependente química desse tipo de produto. E a tendência é sempre evoluir para algo mais "forte". Na primeira vez meu cabelo ficou com aquele terrível aspecto nada natural de "espichado". Na época, o que alisou nem era essas chapinhas que vemos hoje, era uma chapa que se esquentava na boca do fogão. Ficava feio? Ficava. Mas eu me sentia linda já que era moda ter cabelo liso.

Com 10 comecei a usar amônia. De 3 em 3 meses, estava eu no salão retocando e das primeiras vezes o resultado foi bem bacana, confesso. O cabelo ficava soltinho, mais natural (já tinha a chapinha que conhecemos hoje) e eu simplesmente amei o resultado. É tanto que foi a química que eu usei por mais tempo, até eu ter um pequeno contratempo.

Com 12 a escova progressiva era o sucesso do momento e não me pouparam dela. Foi a pior experiência da minha vida. Digo isso com todas as letras porque foi a primeira e a última vez que eu fiz, e eu realmente não recomendo, principalmente quando você já usa outra química. Na época não tinha a fiscalização em relação ao formol e usaram em mim, mesmo com a minha pouca idade. Na hora que aplicaram no meu couro cabeludo, senti olho arder, rosto arder, o corpo torno arder e penicar. Pedi, chorei, implorei para tirarem que estava queimando o meu couro cabeludo, mas a cabeleireira deixou ficar por uns bons minutos pra progressiva "pegar".

Nem preciso dizer que além de fazer um mal danado pra minha saúde, meu couro cabeludo ficou ferido e era insuportável tocar no cabelo nos primeiros 10 dias. Mas isso não foi o pior: meu cabelo começou a cair, quebrar, ficou com um aspecto horrível. E eu só me desesperava.

6 meses depois de não aplicar mais nada, voltei pra amônia pra ver se melhorava, já que antes deixava meu cabelo tão bonito. Mais um grande erro...  Química sobre química e só acabei destruindo mais o meu cabelo que já não aguentava mais essa tortura. Meu cabelo ficou fraco de um jeito que só de passar a mão trazia junto cerca de vinte fios.

Sempre mantive o cabelo curto, então cortar nunca foi um grande problema pra mim. Logo me livrei do cabelo com progressiva e fiquei por mais um bom tempo até a cabeleireira me recomendar "um relaxamento melhor, que deixaria meu cabelo mais forte": a guanidina. E aceitar fazer a mudança da substância foi além de um erro, uma burrada. Principalmente depois de tudo que eu passei.

Resultado da minha última química.
Isso foi o ano passado e desde então apliquei três vezes a guanidina. A última vez foi no começo de agosto desse ano (data da minha última química). Eu não sabia nada sobre transição, BC, cronograma... Até que um dia esse vídeo surgiu na minha timeline, fiquei curiosa e resolvi assisti. E foi então que eu tomei a grande decisão. Pedi para a Lu Carrilho (moça linda do vídeo) me colocar no grupo do face "AMIGAS CACHEADAS" e uma nova etapa da vida se iniciou.

No começo eu fiquei completamente perdida já que hidratava o meu cabelo apenas uma vez a cada quinze dias e já achava que estava bom. Meu cabelo estava feio, quebrado, sem vida, sem brilho, caindo, desidratado, sem vitamina. Resumindo: uma merda.

Iniciei logo na mesma semana o cronograma, comprei cremes, óleos, máscaras, tudo novo. Minha família, apoiou no geral, a minha decisão e eu tenho contado bastante com o apoio, principalmente da minha mãe e da minha madrinha.

Foto após texturização, 2 meses de transição.
A decisão do BC foi mais fácil do que eu imaginei que fosse ser... Com 4 meses, eu já estava louca para cortar. Minha mãe era a quem eu confiava a tesoura e eu cortava um pedacinho toda semana.

Último corte antes do BC.

Essa foto aí foi do dia primeiro de janeiro, desse último corte só havia restado dois dedos de química na frente e um dedo atrás. Eu nunca me senti feia durante a transição, mas com esse corte a minha auto estima caiu. Meu cabelo estava bastante desigual: atrás cresceu bem mais que na frente. Já tinha passado pela minha cabeça passar a máquina, mas no dia 2, foi ela quem tomou iniciativa e me perguntou se eu não queria passar pra deixar ele crescer por igual.


Meninas que estão em transição: não desistam, vale muito a pena ser livre, natural e linda!

3 comentários:

  1. Parabéns pela postagem e pela coragem ! Continue postando mais e mais .

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  2. Querida, muito bom!!!
    estou nessa penosa fase de transição e o conteúdo do seu blog me ajudou bastante!
    continue por favor com as postagens!
    :)

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